Que culpa têm as rosas?

 

Marine Água Azul atende ao telefone na ASP


Numa bela tarde de verão, toca o telefone da ASP. Como era dia do seu plantão, Marine Água Azul estava no seu cantinho preferido da associação: o sofá cor-de-rosa, cheio de conchas do mar que fica justamente ao lado do telefone. Por esse motivo, foi ela quem atendeu à chamada. Do outro lado da linha, havia a voz desesperada de uma mulher, que dizia:

- Por favor, vocês, Super Protetores têm que nos ajudar! A velha disse que vai acabar com o jardim! 

- Calma - disse Marine, atenciosamente - conte a história toda. Nós vamos ajudar. Mas primeiro eu preciso saber o que aconteceu e de quem você está falando. Aliás, antes de tudo, com quem EU estou falando?

E então, a voz do outro lado da linha contou:

- Meu nome é Sônia, eu sou síndica de uma vila de casas aqui no Méier. São dezesseis casas, portanto dezesseis famílias moram aqui. Há alguns meses, a vila foi toda reformada. Colocamos interfones externos novos, trocamos as telhas das garagens e o portão grande, e logo na entrada, plantamos um lindo jardim. A moradora mais antiga da vila, dona Emengarda, ficou viúva recentemente. Pensei que o jardim fosse alegrá-la, mas ela continuou carrancuda. Com o tempo, foi só piorando! Começou a implicar com as crianças e animais de estimação que vivem na vila e na última semana seu alvo passou a ser o jardim! Ela disse que as roseiras a espetam, que as abelhas entram na sua casa, podendo mordê-la, que o canto dos pássaros que visitam o jardim a incomodam... Tentamos contornar isso conversando. Mas hoje, ela voltou da rua especialmente brava. Parece que sua filha mais nova irá mudar-se para o interior levando embora seu único neto. Dona Emengarda não quer ir com a filha, mas também não quer deixá-la ir. Só que a moça está decidida, já arranjou emprego e tudo na nova cidade. Então, agora ao chegar, assim que passou pelo jardim, a velha começou a arrancar as flores e a gritar que iria destruir todo o jardim!

- Hum. O caso é sério. Me dá o endereço da sua vila. Esse é um caso para a Rosa Jardineira!

 

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Rosa Jardineira vai cuidar dessa missão!

Marine pegou imediatamente seu celular e chamou Rosa pelo whatsapp. Ela estava em sua casa naquele momento, pois não era dia de seu plantão. Nesse dia na ASP, além de Marine, estavam Zeca Ar Puro e Florisbela Mata Verde.

Rosa anotou o endereço, pegou seu fusca verde com desenhos de flores, e sem passar pela ASP, seguiu direto para a vila onde precisava salvar um belo jardim!

O famoso fusquinha de Rosa Jardineira


Acelerando ao máximo que podia, lá foi nossa heroína das flores, aflita, rezando para chegar a tempo. Será que ela consegue?


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A velha Emengarda destruindo o jardim


Quando a Rosa Jardineira chegou ao local, encontrou o portão da vila aberto e os moradores aflitos, discutindo e tentando fazer a velha Emengarda se acalmar. Eles tentavam contê-la, mas não poderiam jamais usar de violência, ainda mais que se tratava de uma anciã! Assim, ela continuava a destruir o jardim. A cerquinha de madeira derrubada, flores desterradas, plantas diversas arrancadas, a mais bela roseira tombada e cheia de rosas despetaladas...

Então todos sentiram um perfume suave e agradável no ar com a chegada de Rosa. Dona Emengarda também sentiu, mas fez questão de ignorar. Rosa se aproximou dela, discretamente, colocando-lhe a mão no ombro. A anciã se assustou e se ergueu, olhando com uma expressão fechada para a boa mulher que lhe mostrava um sorriso de lábios.

- Quem é você e quem foi que te chamou aqui? - perguntou Dona Emengarda em um tom bastante grosseiro.

Rosa porém, não se abalou.

- Eu sou Rosa. Me chamam de Rosa Jardineira e faço parte dos Super Heróis Protetores dos Animais e da Natureza. Ou simplesmente Super Protetores. Ou SUPRO...

- Chega! Já entendi que você faz parte daquela turma de malucos que pensam que podem salvar o mundo e que eu pensava que fosse história da Carochinha!

- Não, dona Emengarda. Não é história da Carochinha. Nós somos reais. Poderia por gentilieza me contar o que está havendo? Fui chamada para ajudar um jardim que está em perigo e vejo que não foi trote nem engano, infelizmente.

Todos os moradores da vila que ali estavam, umas oito pessoas, continuaram acompanhando o desenrolar dos acontecimentos torcendo para que Rosa conseguisse "acalmar a velha", ou "a onça" como alguns disseram.

Diante da ternura transmitida pela moça à sua frente, a irritada senhora foi modificando sua expressão.

- Eu estou viúva. Meu marido era meu porto seguro. Nós dois nunca nos separamos e ele faleceu de repente, por infarto. Tenho vivido muito infeliz desde que isso aconteceu. Choro todos os dias e muitas horas do dia. Eu não gosto mais de ver a claridade do sol. As crianças - às vezes até meu próprio neto adolescente, os animais, os pássaros, borboletas, abelhas e até mesmo as flores me irritam profundamente. Esse jardim me incomoda! Ele me lembra que fui feliz um dia e que passeei por jardins como esse muitas vezes com meu falecido marido. Ele me faz tanta falta e é por isso que estou acabando com esse maldito jardim, essa maldita roseira! Eu vivo tão infeliz!

- Eu compreendo... Mas que culpa têm as rosas? - perguntou Rosa com ternura, passando o braço em torno de dona Emengarda, que ainda tinha mais a dizer. Lágrimas começaram a cair de seus olhos enquanto ela se preparava para continuar a narrativa.

- As rosas não têm culpa de nada. Mas... como contei a eles - disse ela apontando para os presentes - agora, pra tornar a minha vida ainda mais miserável e infeliz, a minha Joana resolveu ir embora pro interior. Arranjou um trabalho por lá, passou num concurso, sabe? Ele é meu único neto e ela é a única filha que me resta. Eu tive também um casal de gêmeos, mas eles já nasceram muito doentes e morreram cedo, o menino com 7 anos e a menina com 9. Depois disso eu levei cinco anos para engravidar novamente. E então nasceu a Joana, que devolveu a alegria para nossa vida. Mas depois da morte do Antônio e a notícia da mudança da Joana e do Rafael pra longe de mim, eu não tenho mais motivos para viver. Já estou velha, já passei da hora de morrer! Faço 80 anos nesse ano que vai começar...

Então, dona Emengarda caiu num choro convulsivo. Rosa a abraçou e deixou que ela chorasse e extravasasse toda sua tristeza. Quando ela finalmente se acalmou, Rosa falou:

- A senhora não gostaria de acompanhar sua filha e seu neto na mudança? Parece que eles ficariam muito felizes se a senhora fosse...

Dona Emengarda se irritou novamente:

- Menina, você sabe há quanto tempo eu moro nessa casa? Eu vi a construção dessa vila! Comprei a casa ainda na planta, há exatos 57 anos! Eu estava grávida dos gêmeos quando viemos morar aqui, dois anos depois da compra. Assim que a vila ficou pronta, nos mudamos pra cá. Não havia esse portão alto, nem interfone, nem as garagens, e muito menos jardins. Mas havia uma amizade e uma fraternidade muito grande entre os vizinhos. Passei momentos muito felizes aqui. Hoje os moradores são outros, que vieram pra cá porque compraram as casas dos antigos donos, as herdaram dos pais ou avós, ou então moram de aluguel... 

Rosa aproveitou a deixa:

- Mas se seu marido partiu desta Terra, os vizinhos são outros e sua filha vai embora do Rio, o que a prende aqui? Suas lembranças? Essas a senhora poderá levar para onde for! Mesmo porque, ficar aqui ou não, não fará diferença alguma, já que a vila está toda modificada, desde as pessoas até as reformas!

As palavras da nossa aspeira jardineira sortiram efeito e pareceram ter tocado profundamente o coração da sofrida anciã, que novamente começou a chorar muito. Mas logo se recuperou, encarou a bondosa protetora com um olhar meio envergonhado e disse:

- Você tem razão. O que me prende aqui? Nada. Vou acompanhar a minha família e acredito que isso fará os últimos anos, meses, dias da minha vida mais felizes do que se eu ficar aqui apenas reclamando, chorando e destruindo a beleza que me cerca. Eu... eu vou consertar o estrago que eu fiz no jardim. Não é porque eu estou triste que tenho que causar tristeza aos outros também! Mas, eu não sei se será possível reconstruir tudo, acho que algumas flores morreram...

- Calma. dona Emengarda. Não se preocupe com isso. Apenas me prometa que vai deixar o jardim, os pássaros, os insetos e também as crianças e animais de estimação em paz. Do estrago cuido eu!

Pela primeira vez, enxugando as lágrimas, dona Emengarda sorriu.

Diante dos olhares admirados de todos os presentes, Rosa uniu suas mãos e delas saiu um perfume suave que provocou uma névoa cor-de-rosa, a envolver todo o jardim. De repente, as flores foram recuperando suas pétalas e retornando à terra. A cerca voltou ao normal, e o jardim ficou perfeito novamente. Mas então, dona Emengarda notou que ainda havia uma rosa no chão. Uma linda rosa vermelha que havia sido cortada e parecia estar morrendo. Ela olhou para a flor com tristeza, como se lhe pedisse desculpas pelo seu ato de total estupidez.

Rosa entrega a flor a dona Emengarda


Rosa pegou a bela flor, a ergueu evolvendo-a com seu perfume mágico e a entregou à idosa dizendo:

- Ao chegar em casa, plante-a num vaso ou numa vasilha que a senhora tiver, usando um pouco da terra aqui do jardim. Regue-a diariamente com água fresca da torneira. Faça isso com todo amor e carinho. Ela viverá e logo, logo a senhora terá uma linda roseira. E então, antes da senhora partir com sua família para sua nova cidade, a replante aqui. A senhora assim a estará devolvendo ao jardim e ao mesmo tempo dando sua colaboração, deixando aqui, uma roseira plantada por suas mãos. Vamos! Coragem, fé, otimismo! Amanhã será um novo dia e um novo ano se iniciará, trazendo um novo perfume e um estado de ânimo também novo e mais alegre para a sua vida! Para as vidas de todos nós!

Entre abraços, sorrisos, e votos de FELIZ ANO NOVO, dona Emengarda voltou à sua casa segurando a rosa com todo carinho e um saquinho de terra, depois de se desculpar com todos que ali estavam. Eles entenderam que muitas vezes, o mau humor nasce de um grande sofrimento, amargura e infelicidade. Eles aprenderam que gentileza gera gentileza e que o amor cura todas as feridas da alma!

Agradecendo a ajuda da doce e alegre Rosa Jardineira, todos contemplaram a beleza do jardim e voltaram para suas casas. Ao passarem em frente à casa da anciã, a ouviram ao telefone, com uma voz alegre, dizendo:

- Minha filha, fazia tanto tempo que eu não plantava uma flor! Vou tirar uma foto aqui do vasinho que eu improvisei e vou mandar pra você ver que beleza que ficou! Vou plantar um jardinzinho na nossa nova casa, vai ficar lindinho, você vai ver...

E então ouviram o ronco do motor do fusquinha florido da Rosa Jardineira, sentindo mais uma vez, seu doce perfume no ar, preludiando tempos de renovação e felicidade para todos!
 
FIM












O Natal da ASP


ASP

E chegou o Natal! Assim como a maioria das pessoas, os nossos super heróis aspeiros também estavam muito empolgados com a data, aliás como sempre estiveram. Este ano, porém, teria uma grande novidade: em vez de cada super protetor ir passar o Natal com sua família, a festa seria na ASP, pela primeira vez! E viriam familiares de todos eles!

Os preparativos iam de vento em popa. Cada qual ajudando como podia. Decoraram todo o local e montaram uma linda árvore de Natal, que, de fato, era um pinheirinho plantado em um grande vaso pela Rosa Jardineira, que também cuidava de perfumar o ar. Florisbela Mata Verde não permitiria que ninguém arrancasse uma árvore sequer apenas para servir de enfeite. Mas na verdade, ninguém ali tinha a menor intenção de fazer uma coisa dessas. O lema dos SUPRO sempre foi "Viva e deixe viver!"

Duas mesas muito compridas foram colocadas bem no meio da sala de reuniões da Associação. A ceia estava sendo preparada por Mizuki (Maria Recicla-tudo) e Zeca (Zeca Ar Puro). Acima de tudo, haveria muitas frutas, tanto natalinas como frutas tropicais da estação.

O clima estava alegre e festivo. Havia músicas natalinas tocando, muito conversa animada, risos, bom humor, brincadeiras sadias.


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Tharvo e Zarah

Enquanto nossos heróis estavam envolvidos com os preparativos da festa, em uma nave camuflada atrás das grandes árvores na floresta, em um descampado, duas figuras etéreas conversavam. Uma delas era Zarah, a extra-terrestre que criou os SUPER PROTETORES DOS ANIMAIS e que cuidou de escolher a dedo cada um deles ao logo de duas décadas e meia!

O outro ser era uma figura masculina, com um ar muito sério. Seu nome: Tharvo.

- Não, Zarah. Não vou esperar nem um minuto a mais. Você já teve 25 dos anos terrestres para realizar sua tarefa.

- Mas, Tharvo, eu a realizei. E temos tido bons resultados. Estamos progredindo. Todos os humanos que eu recrutei têm feito um trabalho admirável!

- Sim, eu reconheço isso. O problema não são eles, são os outros. 

- Mas eles estão melhorando. Cada vez é maior o número de terráqueos que se conscientizam e fazem a sua parte para ajudar os animais e a natureza. 

- Esse progresso está lento demais! Estamos desperdiçando nossas energias e nosso tempo com este planeta. É melhor deixá-los por conta própria.

- Então falo com eles amanhã. Hoje não. É uma data importante para eles, o Natal. Você escolheu um péssimo momento para me dar essa ordem, Tharvo!

- Ora, ora. Você quer que eu adapte as minhas decisões ao calendário de festinhas dos terráqueos? Era só o que me faltava, Zarah.

- Você é extremamente bondoso, mas igualmente teimoso e intransigente! Eu vou obedecer, mas não sem antes tentar com todas as minhas forças e argumentos te convencer a esperar pelo menos até amanhã! Eles estão felizes! Vão receber suas famílias pela primeira vez na ASP para celebrar o Natal. E então eu apareço e digo: "Acabou tudo, é o fim dos Super Protetores. Eu tive uma ordem do meu superior para retirar todos os poderes e objetos de poder que lhes dei e assim encerramos por aqui". Não vê que não posso fazer isso, Tharvo?

- Pode e vai fazer, porque eu estou mandando.

Dizendo isso, Tharvo se retirou para sua câmara particular dentro da nave, deixando Zarah arrasada.


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Enquanto isso, no polo norte, Papai Noel lia uma cartinha muito interessante. Ela dizia:


Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2023


"QUERIDO PAPAI NOEL


Eu sou o Claudinho, tenho 10 anos e 

nem sei se o senhor existe. Mas não custa tentar, né? 

Eu sou muito pobre, mas eu

e minha família ganhamos cesta básica todo mês. 

Minha mãe lava roupa pra fora e meu pai está doente, 

de cama, e não pode trabalhar mais. Eu tenho dois 

cachorrinhos e uma gata. Eles são o Lulu, o Pretinho e 

a Dorinha. Meus pais não estão mais conseguindo comprar

ração pra eles e não sobra comidinha porque eu tenho sete irmãos 

e agora o vovô e a vovó vieram morar com a gente. Não vem ração

na cesta básica e isso é errado porque os animais de estimação

fazem parte da família e também precisam comer! 

Minha mãe falou que se eu não arranjar uma pessoa pra ficar 

com o Lulu, o Pretinho e a Dorinha, ela vai soltar 

eles na rua, num lugar bem longe pra eles não 

voltarem mais. Eu estou muito triste, Papai Noel, 

porque eu sei que eles vão sentir só coisa ruim: fome, sede,

medo, tristeza e saudade de mim. Eles vão achar

que eu não gosto mais deles. Eles vão ficar sofrendo na rua.

Então, Papai Noel, 

o meu pedido este ano não é pra mim, é pra 

eles. O senhor também gosta dos animais,

não gosta? Então eu peço que o senhor me leve

aos SUPER PROTETORES DOS ANIMAIS. 

Eu ouço falar deles, mas não sei onde eles 

moram. Eu não tenho o telefone do lugar onde

eles ficam, nem sei se eles têm whatsapp. 

Eu quero pedir ajuda a eles

pra conseguir ficar com os meus amiguinhos.

Me ajuda, Papai Noel, por favor. Eu não

quero que meus cachorrinhos e minha gatinha 

sejam abandonados. Muito obrigado, Papai Noel.


Assinado: Claudinho."


- Um pedido diferente e muito especial - disse o Papai Noel coçando sua barba branca. Em seguida ele chamou seu duende-ajudante e pediu que ele guardasse aquela cartinha em uma certa gaveta, dizendo-lhe:

- Vamos cuidar disso com muito carinho!


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Papai Noel e Claudinho


Na ASP, por volta das 20 horas, os convidados para a festa começaram a chegar. Vindos de Goiás, chegaram os pais e a irmã de Joãozinho (João do Bom Chicote). Depois, vinda do Ceará, a mãe de Rosa, de 70 anos e tão alegre e jovial quanto a filha.  A família de Pet chegou cerca de meia hora depois, vinda de Juiz de Fora, num carro dirigido por sua irmã mais nova (vieram os pais e as duas irmãs, sendo que uma delas trouxe seu filho de sete anos). Logo depois começou a chegar um atrás do outro, e muitas das famílias chegaram ao mesmo tempo: do Rio Grande do Sul, a mãe e os avós maternos de Celeste (Celeste Liberdade); de Valença, o pai e o irmão "quase gêmeo"  de Lab (Roberto Lab Legal - seu irmão era apenas onze meses mais velho que ele); do Mato Grosso, os pais de Silvestre (Silvestre Selvagem); do Rio de Janeiro mesmo, a mãe de Marine (Marine Água Azul); da Bahia, o pai de Zeca; de São Paulo, os pais e o irmão adotivos de Mizuki; do Paraná, a mãe e a única irmã de Larissa (Florisbela Mata Verde); do Amazonas, os pais e o irmão de Risonha (Risonha dos Rios); e de Santos, a família circense de Ziro em peso (seus pais, dois irmãos, um tio viúvo, uma tia com o marido, três primos e o avô paterno de 93 anos).

Todos estavam na maior das confraternizações. Dançando, se abraçando, rindo, brincando. Foi feito o amigo-oculto e a troca de presentes foi realizada. Sentaram-se à mesa para a ceia quando faltavam uns vinte minutos para a meia-noite a fim de brindar o momento especial já "no lugar certo", como dissera a mãe de Rosa. 

Mal começaram a comer, ouviram sininhos e um "ho, ho, ho". Pensaram logo que fosse algum parente que resolvera de última hora aparecer para a festa vestido de Papai Noel. Mas que nada! Ao olharem para a porta de entrada, que estava apenas encostada, se depararam com um velhinho de barbas brancas muito reais com um duende ao lado e um menino de seus 10 anos, meio tímido, mas de olhos espertos e bem curiosos. Quando ele bateu os olhos nos seus heróis, começou a chorar de emoção. Todos os 12 SUPROS se levantaram da mesa ainda muito surpresos e vieram saudar o Papai Noel e abraçar o menino, dando-lhes boas vindas. 

"Então Papai Noel existe?", perguntavam-se uns aos outros ainda incrédulos. E então, o velho Noel falou:

- Boa noite a todos. Desculpem eu ter chegado assim, sem avisar. Mas este garotinho não podia esperar. Ele tem um pedido muito especial a fazer a vocês. Eles os admira muito e em sua cartinha me pediu que o trouxesse até vocês para que pudessem ajudar seus amiguinhos peludos: dois cãezinhos e uma gatinha que estão ameaçados de irem para a rua.

Todos os nossos super heróis concordaram imediatamente em ajudar Claudinho, que emocionado e com o olhar cheio de admiração, contou, resumidamente a sua história. Convidado a cear com seus ídolos e suas famílias, ele foi conduzido à mesa após se despedir, com muitos agradecimentos, de Papai Noel, que realizara seu sonho. O bom velhinho não poderia aceitar o convite para comer com eles. Muitas crianças esperavam sua visita com seus presentes. E assim, ele, seguido do duende-ajudante, entrou em seu trenó e partiu ao som de sininhos. Pela janela, os aspeiros e seus convivas viram o espetáculo das renas "voando" pelo céu enquanto o Papai Noel acenava para eles alegremente. 

Após a ceia, os doze heróis pediram licença às suas famílias para que pudessem fazer uma reunião rápida a fim de decidir a melhor forma de ajudar Claudinho, que ficou aos cuidados dos parentes dos SUPRO.

Sem que ninguém se desse conta, do lado de fora, dois seres observavam os acontecimentos. Zarah e Tharvo estavam ali. Zarah chegara primeiro. Achando que ela estava demorando demais a voltar, Tharvo a seguira uma hora depois e naquele momento, dera-se o seguinte diálogo: 

- Por que ainda não falou com eles, Zarah?

- Porque quando cheguei, quase todos os convidados já haviam chegado e outros estavam chegando. Você não queria que eu aparecesse diante de todos eles, queria?

Como Tharvo presava muito a discrição em relação à sua presença em nosso mundo, ele teve que assentir. Mas optou por ficar ali, junto com Zarah, esperando até que o último convidado se retirasse, para garantir que sua subordinada cumprisse à risca a triste ordem que lhe fora dada por ele.

Ao vê-los saindo da ASP com o garotinho que fora trazido pelo Papai Noel, o Missionário Espacial ficou sem saber o que fazer. 


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Ziro voou pelos ares carregando o garotinho, que em seguida passou para os braços do também voador Zeca, depois para as asas da jovem Celeste, e por fim, foi colocado no tapete voador de Pet Carinho, que desceu com ele, em sua casa, para ter uma séria conversa com seus pais.

Mas todos estavam ali, do lado de fora da pequena casa onde aquela família simples vivia. Pet entregou a eles sobras da ceia para toda a família, incluindo, é claro, os animais. Ela também lhes deu ração suficiente para o mês inteiro, se comprometendo a retornar todos os meses até que a família tivesse condições de sustentar seus animais de estimação (ou seja, seus pets). Levados até lá fora, toda a família de Claudinho, até mesmo o pai, que fora levado numa cadeira de rodas improvisada, ficaram emocionados ao ver que todos aqueles heróis eram reais e estavam ali para ajudar. 

Foi dada uma pequena palestra sobre a questão do abandono de animais e sobre um outro crime muito grave e ainda  bastante frequente, infelizmente: o de maus tratos. 

Donos de várias casas de ração foram contatados pelos SUPRO e se comprometeram a se revezarem nas doações para que não faltasse alimento para Lulu, Pretinho e Dorinha.

As crianças da família ganharam brinquedos artesanais feitos por Silvestre e os pais de Claudinho receberam uma boa quantia doada pelos pais de Joãozinho.

E então vieram os abraços emocionados, os agradecimentos sinceros e as despedidas afetuosas, porque os nossos heróis teriam outras despedidas pela frente naquele 25 de dezembro: logo, logo estariam abraçando seus familiares, que, voltariam para suas casas ou para o hotel de manhã bem cedinho. Eles seguiram o caminho rumo à ASP já planejando o próximo Natal, que seria novamente na Associação, já que a ideia dera super certo!

Quando os aspeiros já iam longe, duas figuras etéreas, que os haviam seguido, ficaram paradas do lado de fora da casa de Claudinho ouvido a conversa daquela família em meio aos carinhos feitos em seus animaizinhos de estimação, que por sua vez, retribuíam alegremente, latindo e miando, os afagos e a deliciosa refeição. 

E então, Tharvo, em silêncio, com o semblante grave como sempre, saiu flutuando. Zarah o seguiu, de coração partido, sabendo que dali a poucas horas teria que dar a triste notícia aos heróis. Mas então, ela se surpreendeu ao ver que Tharvo não tomara a direção da ASP e sim da sua nave, na floresta. 

Chegando lá, Zarah prestou atenção no rosto de seu superior e notou algo diferente na expressão sempre séria. Havia lá uma certa suavidade, uma esperança que não havia antes. Ela teve receio de interromper suas reflexões, mas então ele falou:

- Foi muito bom ter visto seus heróis voando, usando seus super poderes. Mas eu hoje vi mais do que isso: eu os vi usar um poder que todos os seres possuem, embora muitos ainda não o tenham aprendido a utilizar devidamente, e que é o maior de todos. Eu vi esse poder transitar entre as pessoas de uns para os outros, indo e vindo e incluindo os animais.

- A que poder você se refere, Tharvo? - disse Zarah, que no fundo já adivinhava a resposta.

- Um poder que age de coração para coração. O poder do AMOR. Esse poder me deu esperança de dias melhores para o belo Planeta Terra. Eu vou me retirar para o nosso planeta. Continue cumprindo aqui a sua missão, Zarah. Você está no caminho certo e vem se saindo infinitamente melhor do que eu imaginava. Mas minha surpresa maior foram os humanos. Muitos deles são melhores do que eu acreditava. E mesmo que muitos desta geração atual possam estar perdidos, há muita esperança para a nova geração.

- As crianças? - perguntou Zarah entendendo o que seu Mestre estava falando.

- Sim - respondeu Tharvo lembrando do sorriso agradecido de Claudinho com seu amor imenso pelos animais, que o fizera deixar de lado os pedidos por brinquedos e outros presentes para si mesmo, e dar prioridade às vidas e ao bem estar de seus amiguinhos de quatro patas.

Com um toque de mãos, os dois seres se despediram. Zarah desceu da nave e em seguida ficou olhando para o céu, vendo-a se distanciar e se transformar em um pontinho, que os humanos, certamente, julgariam ser uma estrela ou a luz de algum avião.

Ela juntou as mãos em gratidão e se deixou envolver pela magia do Natal dos humanos.


FIM

   


Apresentando os Super Protetores dos Animais!



QUEM SÃO ELES?


Pet Carinho, Roberto Lab Legal, Celeste Liberdade, Maria Recicla-tudo, Silvestre Selvagem, Marine Água Azul, Rosa Jardineira, Ziro Porteira Aberta, Florisbela Mata Verde, Zeca Ar Puro, João do Bom Chicote, Risonha dos Rios formam um grupo diferente de super heróis, porque ao contrário da Liga da Justiça e dos Vingadores (cuja prioridade é salvar a humanidade quando ela se encontra em perigo), sua missão é focada em proteger, ajudar, defender, valorizar e ensinar às pessoas a respeitar e cuidar dos animais e da natureza
Todos esses heróis costumam se ajudar mutuamente, revezar suas funções quando necessário e sempre se reúnem na ASP, que fica localizada no Recanto Natureza Feliz, comunidade alternativa onde todos eles moram, numa região afastada, no Rio de Janeiro. 
Eles não possuem identidade secreta, visitam suas famílias sempre que podem e as ajudam. Vivem no dia-a-dia exercendo profissões normais, apesar do pouco tempo que têm para se dedicarem a elas.
Conhecidos formalmente como "Super Protetores" ou, de maneira abreviada "SUPRO", e informalmente como "aspeiros", eles vivem, sempre que possível, vidas de pessoas comuns. Além de seus trabalhos, eles também passeiam, se divertem, conversam com amigos e namoram, quando querem. Mas fizeram a opção de não se casarem, pois, de maneira realista e despretensiosa, consideram-se missionários, e para cumprirem bem seus papéis, sua prioridade sempre será a ASP.
Saiba mais sobre cada um dos nossos heróis e heroínas clicando nas fotos ao lado. Elas são links para a página pessoal de cada personagem! Lá, você conhecerá mais sobre a vida, a história, os gostos e principalmente os superpoderes de cada um deles!
Toda semana, teremos uma historinha nova com as aventuras desses heróis super especiais! Os primeiros do mundo a usar seus poderes em prol das CAUSAS ANIMAL E ECOLÓGICA