S.O.S. cães e gatos!

 

Denúncia: cães e gatos abandonados em uma casa velha

Pet Carinho estava de plantão na ASP naquela manhã de quarta-feira juntamente com Maria Recicla-tudo e Zeca Ar Puro, quando o telefone tocou. 

Foi Zeca quem atendeu, mas o caso era para Pet: uma denúncia anônima, de uma pessoa que, certamente, procurava disfarçar a voz, relatou um sério caso de cerca de dez cães e oito gatos abandonados em uma casa velha, caindo os pedaços. De acordo com o autor da denúncia, um senhor de idade bastante avançada morava no local, mas já havia vários dias que ele não estava por ali e os cachorros e gatos estavam passando fome e sede, pois não havia ninguém que pudesse cuidar deles e os vizinhos não tinham fácil acesso devido ao muro alto e ao medo de serem atacados pelos animais.

Um detalhe interessante é que o telefonema vinha de Juiz de Fora, cidade natal de Pet carinho, a professora Luiza Lima. Pet desconfiou que poderia ser algum conhecido que estava ligando para fazer a denúncia, mas sem querer ser reconhecido(a) por ela, e por isso disfarçou a voz, pro caso de ser atendido por Pet. Mas por outro lado ela também teve um pouco de medo de ser algum trote ou algum tipo de armadilha para  se vingar dos SUPRO.

- Se você quiser, vou com você - sugeriu Zeca.

- Não, não tem necessidade - argumentou Pet - eu enfrento essa, seja lá o que for. Não podemos deixar a Mizuki sozinha na ASP por muito tempo, e talvez essa missão demore.

- Por mim não tem problema - disse Mizuki, a Recicla-tudo. 

- Não precisa mesmo. Ainda mais que eu estou com uma intuição de que a denúncia é verdadeira. Não quero mais perder tempo. Tem pets precisando de mim. Vou já pegar o meu tapete voador e seguir para a minha Juiz de Fora!

Os dois colegas aspeiros não tiveram outro jeito, senão concordar, diante da determinação da protetora dos animais familiares.

E assim, ela fez. E lá do alto, de seu tapete, Pet ainda acenou para Zeca e Mizuki.


    ****************

Pet Carinho voa  para Juiz de Fora para resolver o caso dos pets abandonados


Ao se aproximar do local indicado, Pet foi baixando aos poucos o seu tapete, e isso acabou chamando atenção das crianças que brincavam de skate e de bola naquela rua. Assim que a Super Protetora desceu, elas vieram pedir autógrafos e selfies.

Sempre atenciosa, Pet não negou nenhum pedido, mas não poderia ficar conversando muito pois havia uma questão urgente a ser resolvida. Cachorros e gatos inocentes estavam passando fome e ela não poderia deixar que essa triste situação se estendesse por mais tempo. 

-Vocês sabem onde fica, nessa mesma rua, um casarão velho abandonado, com um monte de cachorros e gatos?

- Eu sei, eu sei!

-Nós vamos te levar lá, Pet!

Aquelas crianças todas conheciam a Pet Carinho, a mais famosa das aspeiras, porque era quem cuidava dos animais mais populares e sobre os quais, infelizmente, as denúncias de maus tratos e abandono eram muito frequentes. 

E assim, eles a levaram lá. Disseram que também estavam preocupados com os animaizinhos, mas que não sabiam como ajudar, pois o muro era muito alto e eles não tinham como subir, além de terem sido proibidos por seus pais de tentarem entrar na casa.

- Pois bem, não há muros altos para a Pet Carinho aqui - disse Pet fazendo pose para as crianças, que a aplaudiram aos pulos e gritos.

Tamanho estardalhaço fez os adultos saírem de dentro de suas casas para ver o que estava acontecendo. Alguns deles conheciam Pet dos jornais e da TV e sabiam dos SUPRO. Outros não... E esses ficaram bem curiosos perguntando aos outros de que se tratava. Uma das pessoas ao dar de cara com Pet, entrou correndo novamente em sua casa. Pet percebeu e achou que aquele rosto não era estranho. Mas não tinha tempo a perder. Subindo novamente em seu tapete que estava carregado com comedouros e um saco de ração canina e outra de ração felina, ela foi rapidamente para o alto e em seguida, para baixo, do outro lado do muro.

Os cachorros latiam e os gatos miavam sem parar com a chegada da moça. Eles estavam felizes. Os curiosos, lá na rua, não tinham como ver o que acontecia, mas podiam ouvir.

Pet conversava com cada animal, os acariciando e acalmando. Em seguida, espalhou vasilhas grandes pelo quintal e com um mangueira d'água encontrada naquele quintal abandonado, encheu cada uma delas. Os animais correram para beber água. Estavam todos com muita sede!

Depois, nos comedouros, ela espalhou a ração que havia levado, para cães e gatos. Todos comeram com muita vontade. Pet esperou pacientemente que eles se alimentassem e então começou a examinar um a um. Alguns tinham pulgas, outras estavam com pequenas feridas, que ela, com seu poder de cura, conseguiu aliviar bastante. Mas todos estavam magros e pareciam desnutridos. Poderiam estar com anemia. Preocupada, Pet pegou seu celular e entrou em contato com duas ONGs da cidade, presididas por velhas conhecidas suas. Ambas se prontificaram a ajudar, recolhendo os animais e levando-os ao veterinário.

Pet já ia subir novamente em seu tapete quando ouviu um "Ahhhh" vindo da rua seguido de um barulho no velho portão da casa. Um senhor de muita idade entrou com cara de poucos amigos.

- Quem é você e o que faz aqui na minha casa?

Pet se assustou.

- Sua casa? Mas me disseram que estava abandonada.

- Não está abandonada. Minha casa é velha mesmo e é tombada, então não posso mexer nela e nem tenho dinheiro pra isso agora. Meu dinheiro é pra cuidar e alimentar meus amados filhinhos de quatro patos, meus cachorros e gatos, que recolhi nas ruas! Sempre tratei todos eles com muito amor.

- Me desculpe, meu senhor, mas estão todos magros e desnutridos. E o senhor não estava em casa já há vários dias, então me chamaram...

- Eu fui hospitalizado, estava com pneumonia. Eu não tenho filhos, então liguei pro meu sobrinho que mora no centro da cidade e pedi que viesse cuidar dos meus queridos. 

- Mas pelo visto ele não veio! - argumentou Pet apontando para os animais para que o ancião pudesse observar as péssimas condições em que eles se encontravam. 

O velhinho então foi se aproximando deles, que vieram recebê-lo com o rabo abanando e fazendo festa. Era visível o amor daquele senhor por seus animais. Ele começou a chorar abraçado a eles.

- Meus queridos, como isso foi acontecer com vocês? Mas o Dudú me paga! Eu vou ter uma conversa séria com ele!

Também emocionada com a cena que presenciava, Pet disse que ao senhor, que se chamava Cristóvão, para deixar para resolver seus problemas com o sobrinho depois. Naquele momento era preciso resolver a situação dos animais. Ela contou que duas ONGs estavam vindo para pegá-los.

E foi aí que seu Cristóvão ficou furioso!


Seu Cristóvão tenta impedir que seus pets sejam levados

- Meus filhos não saem daqui de jeito nenhum, ouviu? Eu não vou permitir! Eu mesmo vou cuidar deles com todo amor como sempre cuidei!

- Entendo, seu Cristóvão. Mas nesse momento eles precisam ir ao veterinário. A maioria com certeza está doente e precisa de tratamento intensivo. Isso não vai custar nada ao senhor.

- Nunca reclamei disso! Sempre que precisam eu os levo ao veterinário!

- Como o senhor estava internado, não tinha como cuidar deles e pelo visto seu sobrinho não veio nem um dia! Façamos o seguinte: as ONGs vêm, levam os animais, eles se tratam e, assim que estiveram bons, retornam à sua casa e ficam sob a proteção das ONGs, para o caso de qualquer eventualidade...

Seu Cristóvão foi se acalmando, mas ainda não havia se convencido completamente:

- Quem me garante que vocês vão me devolver minhas crianças?

- Eu garanto. Como Super Protetora dos Animais tenho um nome a zelar e minha palavra é uma só! E tenho certeza que as ONGs também garantirão.

Nesse momento, a caminhonete de umas ONGs chegou. Pet e seu Cristóvão foram lá fora ver. A multidão aumentara! Pedindo às pessoas que se afastassem, a presidente da ONG, conhecida de Pet, entrou. O portão foi novamente fechado. 

Depois de muita conversa, seu Cristóvão liberou os animais, não sem antes abraçar e beijar cada um deles. Metade deles foi colocada nas caixas de transporte,  e enquanto isso, a Fiorino da segunda ONG estacionava em frente ao casarão. 

Feitas as apresentações e dadas as devidas explicações, a outra metade dos animais foi colocada nesse veículo, também em caixas de transporte, em meio aos carinhos de seu tutor. 

Ambas as presidentes das ONGs garantiram que devolveriam os animais com saúde e que ficariam os monitorando e colaborando com os cuidados para com eles, já que seu Cristóvão era muito idoso e não tinha ninguém que pudesse ficar com os animais em um momento de necessidade. 

Feitas as despedidas, Pet saiu com seu tapete nas mãos e seu Cristóvão entrou depois de acenar, entre lágrimas, para os dois veículos, que se afastavam levando seus amados filhos peludos.

Tudo foi se acalmando, as crianças foram entrando para suas casas sob ordens dos pais e Pet se preparava para levantar voo em seu tapete quando sentiu um tapinha em seu ombro. Ela se virou e teve uma grande surpresa.

- Oi Luiza, se lembra de mim?

Ajeitando os óculos, Pet olhou bem nos olhos da moça que estava à sua frente. Tinha a mesma idade que ela, era um pouco mais baixa e mais rechonchuda. 

- Míriam! É você mesmo?

- Sou eu sim! 

E então as duas se abraçaram e trocaram palavras de afeto.

Míriam havia estudado com Pet, ou melhor, Luiza, da terceira à oitava série. Elas eram amigas inseparáveis. Depois elas foram para escolas diferentes e só se viram mais duas vezes: em uma reunião de ex alunos e num evento beneficente em prol dos animais. 

Durante todos esses anos, Miriam acompanhou as notícias sobre sua amiga como Super Protetora. Mas ela não tinha coragem de se aproximar. Fora ela a autora da denúncia anônima. Como a maioria das pessoas daquela rua e de grande parte do bairro, ela ficara muito preocupada com aqueles animais e não sabia o que havia acontecido ao tutor deles. Por isso, lembrando-se de sua amiga de infância e adolescência, que agora era uma famosa super-heroína que defendia justamente os animais de estimação, ela resolveu ligar para a ASP após encontrar o número do telefone em uma página de um jornal carioca. 

- Eu fiquei sem graça, afinal, não nos vemos há tanto tempo e você agora é famosa...

- Ora, que bobagem. Sou a mesma! E agora, sabendo que você é vizinha do seu Cristóvão, queria te pedir para dar uma força com os pets dele quando eles voltarem pra casa, pode ser?

- Claro, pode contar comigo! Mas esse sobrinho dele...

- Isso me preocupa. Precisamos falar com os políticos daqui de Juiz de Fora, do Rio e de todo o Brasil para fazerem leis que garantam a tutela, proteção e cuidados com os animais em caso de falecimentos de seus pais e mães humanos.

- Isso mesmo, Lú. Mas isso deveria ser uma lei mundial!

- Concordo plenamente, Mira! Precisamos fazer algo em relação a isso, e com urgência!

E as duas retomaram a velha amizade como se nunca tivessem se separado, inclusive se chamando pelos antigos apelidos! Pet aceitou fazer um lanche na casa de Míriam e elas puseram a conversa em dia, contando as novidades de suas vidas. Trocaram números de celular e whatsapp para poderem manter o contato e prometeram se visitar. Pet gostaria de poder aproveitar para visitar seus parentes, mas não daria tempo. Isso poderia ficar para outra hora, já que haviam se encontrado recentemente. 

E assim, as duas amigas se despediram calorosamente após combinarem uma ação junto aos políticos para garantirem o futuro dos animais órfãos de pais humanos.

Pet retorna para casa feliz pela missão cumprida e pela grande surpresa do dia

Já anoitecia quando Pet Carinho retornava ao Rio de Janeiro em seu tapete voador. Subindo cada vez mais alto ela contemplava as estrelas, feliz e sorridente. Sabia que poderia contar com sua amiga, que agora também seria uma parceira de causa!

Quem faz o bem sempre recebe o bem. É assim que funciona a Lei da Vida! Sentindo o coração leve, Pet começou a cantarolar: "Viver, e não ter a vergonha de ser feliz..."


****************

Nas duas ONGs, os pets recebem todos os cuidados necessários


Enquanto isso, nas duas ONGs, os pets eram examinados por veterinários e cuidadores, e recebiam todos os cuidados de que precisavam. Eles ainda passariam um tempo nos abrigos das ONGs e os mais doentinhos ficariam em clínicas até se recuperarem. Mas todos estavam fora de perigo e logo, logo estariam novamente com seu amoroso tutor, seu Cristóvão, que contaria com a ajuda das duas ONGs e agora também da vizinha e amiga Míriam. 


FIM










Vida longa às abelhas!

Rosa Jardineira e sua missão de ajudar as abelhas


Rosa Jardineira estava sentada no caramanchão do jardim de sua casa, com seus amados cachorrinhos Anakin e Luke e suas gatas Padme e Lea lendo um artigo sobre jardins de inverno em uma revista de decoração quando seu celular tocou. Era Roberto Lab Legal que, estando de plantão na ASP naquele dia, acabara de atender a um telefonema de um apicultor desesperado. O caso era, obviamente para Rosa, que além de proteger as flores e os jardins também era a protetora de insetos e pássaros polinizadores tais como borboletas, joaninhas, abelhas e beija-flores.

- Meus filhinhos queridos, desculpem, mas agora a mamãe tem um trabalho a cumprir. Vamos para dentro! - disse ela aos seus pets após fechar a revista e se levantar do banco, indo em direção à porta da sala.

Rosa era a protetora das plantas, é verdade. Mas assim como todos os aspeiros, ela tinha pets e amava os animais. Após colocar os cachorros e as gatas para dentro e deixá-los com ração e água fresca disponíveis, ela saiu, no seu fusca verde todo florido, rumo ao endereço dado por Rob, por telefone. 


***************

Seu Leonel e suas amadas abelhas


Ao chegar ao sítio de onde partira o telefonema, Rosa foi recebida por um senhor muito simpático, mas também muito aflito. Era o seu Leonel, o apicultor que precisava de seu socorro. E então ele contou sua história.

Seu Leonel herdara aquele sítio de seu pai, e a principal fonte de renda da família era a apicultura. Mas ele nunca vira aquilo apenas como um negócio, ele sempre amara as abelhas e procurava fazer sempre o melhor para elas. As abelhas o reconheciam de longe e mesmo que ele estivesse sem a roupa e os equipamentos de proteção, elas não lhe faziam mal. Ele nunca levara uma picada de abelha em toda sua vida! Um espírito de harmonia, troca e colaboração mútua pairava no ar. Ele sempre vivera em paz, até que um grande empresário comprara três sítios vizinhos ao seu. Ele espalhava agrotóxicos por toda sua plantação e o veneno afetava o seu jardim, estrategicamente plantado para alimentar suas abelhas. Então, elas começaram a adoecer e morrer. Ele estava muito triste com isso, não apenas por causa do prejuízo financeiro que teria mas principalmente porque sabia o quão as abelhas são importantes para o meio-ambiente e pelo amor que tinha a elas.

Rosa ouviu a história comovida e bastante preocupada.

- Vou ver o que posso fazer para ajudar, seu Leonel. Realmente muitas pessoas não têm consciência do mal que esses agrotóxicos causam à flora, à fauna e também à humanidade, afinal, consumindo esses alimentos, as pessoas ficam doentes e acabam vivendo menos.

Enquanto eles conversavam, não perceberam que, do outro lado da cerca, um dos empregados dos três sítios estava justamente aplicando o agrotóxico em uma de suas hortas.  Ele ouviu toda a conversa e entendeu que aquela moça atrevida estava ali para ajudar seu vizinho e assim, provavelmente, atrapalhar os negócios de seu patrão. 

Um empregado do vizinho ouve a conversa enquanto espalha agrotóxico na plantação

Como seu neto adolescente estava por ali, ele o chamou e lhe incumbiu de uma tarefa suja. 

Enquanto isso seu Leonel, mantendo uma certa distância, mostrava suas abelhas à Rosa. Eles não perceberam que um garoto de seus 13 ou 14 anos havia pulado a cerca e se aproximava do apiário. Abrindo uma das caixas, a que estava mais próxima de onde Rosa e Seu Leonel conversavam, ele atiçou as abelhas e correu, mergulhando no chão e rolando, como fora instruído pelo seu avô. 

Quando seu Leonel viu aquela nuvem de abelhas vindo, num zumbindo ensurdecedor, em direção à Rosa, ficou assustado. Ele não sabia o que fazer.

- Corre, Rosa! Eu não o que aconteceu com as minhas abelhas!

Mas ao olhar para frente viu o garoto rolando em meio a risadas. Naquele momento ele entendeu o que havia acontecido. Mas era preciso agir rápido e salvar a Super Protetora de um iminente ataque de abelhas. 

Rosa havia, por um momento se assustado com o zumbido e a aproximação do enxame de abelhas mas de repente, ficou muito calma. Apenas relaxou, fechou seus olhos, respirou fundo e uniu as mãos. Um perfume delicioso fez-se sentir e as abelhas se acalmaram rodeando Rosa amistosamente, assim como faziam com o apicultor responsável por elas.

Seu Leonel ficou impressionado e por pouco seu queixo não caiu!

- Eu nunca vi uma coisa dessas em toda a minha vida - exclamou ele.

Rosa apenas sorriu e disse:

- Agora vamos levá-las de volta à sua colmeia. 

E assim fizeram. As abelhas simplesmente acompanharam os dois e retornaram às suas casas pacificamente. 

De longe, o garoto, que já havia pulado a cerca de volta pro lado de lá, assistia a tudo com os olhos assustados e foi correndo contar o que vira ao avô, que incrédulo, resolver também espiar da cerca. Seu Leonel percebeu o movimento e disse à Rosa:

- Os inimigos estão agindo.

- Não sei preocupe, seu Leonel.  O feitiço sempre se volta contra o feiticeiro.

Ainda era preciso resolver a questão do agrotóxico, motivo pelo qual Rosa havia sido chamada àquele sítio. 

O mais importante era proteger as abelhas e consequentemente, as flores das quais elas se alimentavam. Mas também seria bom se fosse possível proteger as verduras do vizinho, afinal, muitas pessoas se alimentavam delas e dava pra sentir no ar os efeitos dos produtos que estavam sendo aplicados nelas. 

Rosa se aproximou do apiário unindo as mãos mais uma vez. O perfume delicioso foi sentido no ar mais uma vez. Ela seguiu em direção ao jardim envolvendo todas as flores nesse mesmo perfume. Mantendo as mãos unidas, elas se aproximou da cerca divisória e com uma concentração poderosa, ela vez o perfume atravessar o muro e se estender pelas três propriedades do empresário. 

O empregado e seu neto ficaram pasmos e então, irritado, o homem não consegui mais se calar.

- Quem é você e o que está fazendo? Vai prejudicar os negócios do meu patrão? Que bruxaria é essa?

- Estou acostumada a ouvir isso, meu senhor. Mas não é bruxaria nenhuma. Sou uma Super Protetora dos Animais e da Natureza e estou protegendo a plantação e ás pessoas que dela irão se alimentar. O uso abusivo desses produtos que o senhor carrega e estão usando em sua horta causa doença e morte a pessoas, animais, plantas. E é meu dever protegê-los. Sua plantação, assim com o jardim do senhor Leonel e suas amadas abelhas nunca mais serão afetados por esses venenos. Não se preocupe, as plantações continuarão produtivas, agora mais do que nunca. E o alimento que vocês venderão daqui pra frente, será saudável. 

O homem não teve mais argumentos para discutir. Simplesmente virou as costas e saiu pisando duro. Seu neto que ficara paralisado junto a cerca olhando para a Rosa Jardineira com um olhar de admiração, acabou ouvindo um conselho da SUPRO:

- Você ainda é muito jovem, tem muito o que aprender. Respeite a natureza, valorize toda forma de vida e nunca mais siga os exemplos, ordens e conselhos errados do seu avô.

O garoto, sem graça, apenas concordou com a cabeça e em seguida, saiu correndo em direção à casa do caseiro onde morava com o avô e os pais. 

Seu Leonel não conseguiu segurar uma gostosa risada!

- Como posso lhe agradecer? - perguntou ele à Rosa.

- Continuando seu trabalho de forma respeitosa e amorosa às nossas irmãzinhas abelhas. 


****************

As flores, protegidas pelo perfume de Rosa, voltaram a ser um alimento saudável para as abelhas


Após se despedir de seu Leonel prometendo retornar para visitá-lo e às suas abelhas sempre que possível, Rosa foi caminhando em direção ao portão de entrada, em frente ao qual estacionara se fusca.  À medida em que caminhava e sentia o perfume que deixara no ar, ouvia também um zumbido, mas dessa vez era calmo e ela podia sentir a alegria das abelhas. 

Ela olhou para trás e viu: As abelhas faziam uma verdadeira festa nas flores que agora estava protegidas e saudáveis! Com um sorriso, seu Leonel acenou. Rosa retribuiu o aceno e se virou novamente, retomando seu caminho, com o coração em paz por mais uma missão cumprida. 


FIM





 

Um Intruso na ASP

 

Na ASP Ziro Porteira Aberta e Zeca Ar puro conversam sobre DC e Marvel

Numa terça-feira de manhã lá estavam Ziro Porteira Aberta e Zeca Ar Puro (a "dupla Z-Z", como João do Bom Chicote gosta de se referir a eles), discutindo sobre qual é a melhor: DC ou Marvel. Ziro, como fã do Super Homem e demais heróis da DC Comics, a defendia com unhas e dentes, enquanto Zeca, cujo herói preferido é o Homem de Ferro, fazia a defesa, igualmente veemente, da Marvel.

De plateia, somente a Rosa Jardineira, que, juntamente com eles, estava de plantão na ASP naquele dia. Mas ela, mais preocupada em regar os vasos de flor, apenas sorria e balançava a cabeça sem opinar. Na verdade ela até que gostava das duas, mas não era exatamente fã de nenhuma delas.

De repente, alguém toca a campainha da Associação. Rosa, que estava mais próximo à entrada, abre a porta e se depara com um ser muito parecido com Zarah, a extraterrestre criadora dos Super Protetores dos Animais, que os havia recrutado um a um. 

Rosa, ainda surpresa, o faz entrar. Ziro e Zeca se levantam e vão até o estranho visitante. Ele prefere não se sentar e vai logo dizendo:

- Saudações, amigos da ASP. Sou Inirion. O que me trouxe aqui hoje é um assunto muito sério. Trago um recado de Zarah. Por motivos familiares ela teve que retornar ao seu planeta de origem. Eu também venho de lá, do mesmo orbe. Seria possível falar com todos os Super Protetores?

Surpresa e confusa, Rosa olhou para os dois amigos, que também tinham expressões de espanto em seus rostos.

- Bem, vou tentar - disse ela finalmente - Precisamos ver se estão todos disponíveis agora. Alguns estão no trabalho. Mas como já é quase hora do almoço, vamos ver o que se pode fazer.

E então, os três começaram a enviar mensagens pelo whatsapp para cada um dos aspeiros que estavam ausentes. Todos, ansiosos e preocupados, prometeram dar um jeito de se reunirem na ASP na hora do almoço.


****************

Inirion, o estranho visitante que chegou à ASP

Com todos reunidos na ASP, Inirion começou a falar:

- Infelizmente Zarah teve sérios problemas com sua família e teve autorizalçao para retornar ao planeta. Mas não teve tempo de se despedir de vocês, então me encarregou de vir em seu lugar para avisá-los. Ela partiu agora há pouco em sua nave.

- Então isso quer dizer que a partir de agora você é quem irá comandar os SUPRO? - perguntou Marine Água Azul tentando entender o que se passava.

- Infelizmente não. - respondeu Inirion com uma expressão bastante séria. 

- Mas então ficaremos sem...

- Não é nada disso - continuou Inirion antes que Zeca Ar Puro pudesse concluir sua frase - Eu vim comunicar uma decisão de Zarah. Aqui termina a missão de vocês. Podem retornar para suas vidas normais. 

- Como assim? - questionou Pet Carinho - Você está dizendo que não haverá mais os SUPRO?

- Exatamente. Infelizmente não será possível dar continuidade à missão.

- Mas e os animais, e a natureza, como ficam? - perguntou Larissa, a Florisbela Mata Verde.

- Você não pode simplesmente chegar aqui e ir dizendo "acabou tudo" e pronto, "até nunca mais" - se irritou Ziro Porteira Aberta.

E então todos começaram a falar ao mesmo tempo, até que Mizuki, a Maria Recicla-tudo, interveio:

- Calma, pessoal. Vamos tentar conversar, e arranjar uma solução pacífica pra isso.

- Exatamente - concordou Rosa. Ficar discutindo não vai resolver nada, só vai piorar a situação. 

- Que solução pacifica? - explodiu Joãozinho. Vocês ouviram o que esse cara disse?

- Mais respeito, Joãozinho. Ele é nosso superior, ao que tudo indica - disse Silvestre tentando acalmar a situação.

- Muito bem - dessa vez foi Risonha dos Rios quem veio com a proposta - E se você ficasse provisoriamente no nosso comando até Zarah poder voltar?

E aí Inirion não conseguiu esconder sua irritação:

- Vocês não estão entendendo? ACABOU! Zarah não volta. Nunca mais!

- Mas afinal o que houve com ela? - insistiu Pet Carinho. 

- Ela sofreu perdas familiares e precisará ficar cuidando da família, dos que restaram. Não posso dar maiores informações. Eu sinto muito ter que dar essa notícia. E eu também não posso ficar, pois tenho um cargo que ocupo em meu planeta. 

- Mas e nossos poderes? - perguntou Celeste Liberdade - Iremos perder os nossos poderes?

Nesse momento, o extraterrestre pareceu confuso, mas mesmo mostrando insegurança na voz, respondeu:

- Não sei, mas acredito que sim. Agora tenho que ir. 

Dizendo isso, ele saiu rapidamente sem olhar para trás, deixando os aspeiros todos perplexos e completamente perdidos. 

- Ela não nos deixaria assim, sem avisar - lamentou Roberto Lab Legal, que recentemente havia levado uma advertência de Zarah.

E então, Ziro reagiu:

- Vou atrás desse cara!

- Eu vou com você - disse Zeca.

- Isso mesmo, vão logo - disse Rosa, quase empurrando os dois "voadores", que mal pisaram do lado de fora da porta, já foram logo levantando voo.

Celeste também quis ir, alegando que também era voadora, assim como Pet Carinho. Mas Rosa argumentou que poderia ser perigoso, visto que ela era muito jovem e inexperiente e que algum inimigo poderia cortar suas asas e tirar o tapete de Pet, enquanto Zeca e Ziro não corriam esse risco, já que seu poder de voar não estava em suas capas.

- Mas e se de repente eles perdem o poder? E se Zarah for mesmo retirar nossos poderes como disse o estranho? - questionou Marine.

Todos ficaram pensativos e de repente começaram a ver as incoerências da história narrada por Inirion.

- Se Zarah foi embora em sua nave e nós ainda temos nossos poderes, porque ela não os retiraria antes de partir? - questionou Roberto.

- Será que ela estava com tanta pressa assim? - perguntou Risonha.

- Mas teve tempo de instruir esse cara direitinho e pelo jeito ele não sabia nada a respeito dos nossos poderes, ou então se esqueceu. - refletiu Joãozinho.
 
E então Larissa fez a pergunta que estava cutucando a mente de todos os aspeiros:

- Mas afinal, de onde ele saiu? Zarah sempre falou apenas de seu superior, Tharvo. Nunca falou de nenhum Inirion.

- Essa história não está cheirando bem - disse Pet Carinho.

- Está fedendo mais que lixo podre! - completou Mizuki.

- Precisamos investigar isso - disse Silvestre.

- Vamos deixar que os voadores dêem alguma notícia, eles estão cuidando disso. Se eles precisarem de reforço, aí sim, mais alguns de nós entramos em ação! - disse Rosa.

Todos concordaram e resolveram esperar, mesmo que ansiosos, por notícias da "dupla Z-Z".

****************

A nave de Zarah escondida em um descampado atrás das árvores

Zeca e Ziro procuraram ser bem discretos ao seguirem Inirion, voando bem alto e sem se aproximarem muito. O extraterrestre deu alguns passos em direção à floresta que havia logo atrás do Recanto Natureza Feliz e de repente, desapareceu.

- Ele sumiu! - gritou Zeca para Ziro, procurando descer no local onde o estranho havia desaparecido. 

- Eu vou continuar aqui do alto procurando sinal de alguma coisa estranha - gritou Ziro, voando mais baixo mas sem descer.

E assim, Zeca começou a investigar por Terra e Ziro pelo alto. 

De repente, Zeca viu o amigo retornar rapidamente, gesticulando sem parar para que ele levantasse voo. 

- Vem Zeca, vem ver isso!

Então Zeca levantou voo e os dois rapidamente chegaram a um descampado no meio da floresta onde havia uma estranha luz brilhando, formando um círculo.

- Uma nave camuflada. A nave do estranho. - disse Zeca.

- Isso se o estranho estiver falando a verdade. Porque sabemos que era por aqui que ficava a nave de Zarah!

- É verdade, vamos chegar mais perto!

E os dois então, desceram e se acercaram do local onde aparentemente se escondia nave, invisível. 

Então, veio um vento muito forte, junto com um barulho de motores muito sutis sendo ligados. E a grande nave se fez visível diante de seus olhos: uma enorme nave prateada, arredondada e sem portas ou janelas.

Os Z-Z, que haviam caído no chão, derrubados pelo vento que a nave soltou no momento da partida, se levantaram assustados.

- Onde fica a entrada disso aí? - perguntou Ziro com cara de espanto.

- E como é que eu vou saber? - retrucou Zeca tão abismado quanto o amigo.

- Epa, estou me lembrando! Esse Inirion mentiu, porque essa é a nave de Zarah. Não é possível que todas as naves nesse planeta deles sejam iguais. E além disso, como esse cara veio parar aqui?

- A menos que ele tenha dito a verdade. Zarah já foi embora e ele ficou para nos avisar e essa nave é a dele.

- Mas exatamente igual a de Zarah?

- Vamos entrar na nave! Se não há porta, você faz a porta!

Mas aparentemente era tarde demais. A nave levantava voo. Os dois amigos SUPRO se entreolharam e como se pudessem se comunicar por telepatia, saíram voando ao mesmo tempo, lado a lado, em perseguição à nave que parecia estar entrando em processo de invisibilidade novamente. 

Porém, antes que isso acontecesse e a nave sumisse completamente, eles voaram o mais rápido que puderam e então Ziro, esticando os braços com as mãos fechadas, voou direto para a nave, abrindo um rombo enorme em uma de suas laterais e já entrando no veículo. Zeca o seguiu, e também entrou. 

Não viram ninguém ali, mas certamente o comandante sentiu o baque. Os dois aspeiros começaram a percorrer o interior da nave apressadamente e de repente ouviram uma voz:

- Aqui, me ajudem, estou aqui.

Eles reconheceram a voz de imediato: era Zarah!

Eles correram em direção à sua voz, e, chegando a uma câmara lateral, com porta e parede feitas de um material que parecia vidro, viram Zarah, aprisionada em uma espécie de redoma magnética. 

- Desliguem o botão, aqui, ao lado da porta.

- Mas como vamos entrar se está tudo trancado? - perguntou Zeca.

Sem esperar nem mais um instante, Ziro respondeu, já entrando em ação:

- Assim - e com um murro rompeu o tal vidro, que se espatifou em mil pedacinhos, e completou - do mesmo jeito que entramos na nave!

 E então, Zeca esticou o braço para apertar o botão, mas antes que pudesse alcançá-lo percebeu que estava paralisado. Olhou para o amigo à sua frente e percebeu que Ziro também não conseguia se mexer.

Diante de ambos, surgiu a misteriosa figura de Inirion. 

- Vocês se acham muito espertos, não é? Mas não passam de terráqueos inúteis! Vou abrir a porta da nave e enviar vocês de volta ao chão do jeito que vocês estão agora, completamente parados!

- Não! - gritou Zarah. - Não faça isso!

- E você? Por que acha que pode me dar ordens depois de todo mal que me fez? Vocês acham que ela é boazinha? Pois ela é a culpada por anos e anos de sofrimento que fui obrigado a suportar no nosso planeta. Mas consegui escapar e vim em uma nave que se autodestrói cinco minutos após o pouso. Assim não deixa rastro!

- Você sabe que eu fiz o que tinha que fazer, você não consegue entender isso?

- Não! E agora chega de conversa. É hora de mandar esses chatos pelos ares!

E assim, Inirion levou Ziro e Zeca até o local onde estava o rombo que fora aberto na nave e os empurrou com toda força. Ainda conseguiram ouvir o grito desesperado de Zarah:

- Não!!!

****************

Tharvo surge para fazer justiça


Enquanto Inirion ria e ia aos poucos retornando ao local onde estava Zarah, houve outro baque na nave. Mas muito mais suave e acompanhado de uma brisa.

Inirion se virou e qual não foi a sua surpresa quando deu de cara com Tharvo segurando Ziro e Zeca em cada uma de suas mãos. 

- Tharvo! O que você faz aqui?

- Eu que te pergunto, Inirion, o que você faz aqui? Deveria estar na prisão lá em nosso planeta.

E colocando os dois SUPRO no chão da nave em segurança e livres da paralisia imposta pelo intruso, Tharvo foi até a câmara onde estava Zarah, libertando-a. Então paralisou Inirion, dizendo que o devolveria à prisão de onde nunca deveria ter fugido e tomaria providências para evitar uma nova fuga.

E então, foi Zarah quem contou aos nossos heróis de capa o que havia acontecido:

- Inirion era um importante ministro em nosso planeta. Mas o poder lhe subiu à cabeça e ele se apoderou de uma grande quantia em dinheiro, um valor muito alto que não lhe pertencia, ou seja, roubo, para usar linguagem de vocês aqui na Terra. Fui eu que descobri tudo e o denunciei. Ele jamais me perdoou porque ele nutria uma paixão por mim, embora eu nunca tenha lhe dado esperanças. Mas ele insistia que havia feito aquilo por mim, para garantir nosso futuro. Por isso se sentiu traído quando eu o entreguei às autoridades planetárias. Ele foi para a cadeia, e isso faz uns quarenta anos da Terra. Em nosso planeta contamos o tempo de forma diferente, então não parece ter tanto tempo assim quanto é para vocês, terráqueos.  Ele tem tentado fugir todo esse tempo, e agora que conseguiu descobriu meu paradeiro e veio se vingar de mim. Ele queria atrapalhar a minha missão com vocês e me levar à força a algum outro planeta para me forçar a ficar com ele. Felizmente vocês apareceram e com isso Tharvo teve tempo de chegar. Só posso agradecer a vocês, por arriscarem suas vidas para me salvar. Vocês já têm provado seu valor incontáveis vezes e agora deram um passo ainda mais além. Minha gratidão eterna a vocês dois e todos os SUPRO.

Ziro e Zeca estavam emocionados e sem saber o que dizer.

Tharvo esticou a mão e fez o vidro e a porta da nave que haviam sido quebrados ficarem perfeitos novamente. 

- Minha nave está acoplada a esta nave-mãe. Eu vou retornar ao nosso planeta. Zarah continuará com vocês e seguirá com esta nobre missão de proteger a natureza e os animais da Terra. 

Ainda que constrangidos pelo olhar penetrante e todo o poder que emanava de Tharvo, a dupla Z-Z conseguiu balbuciar um "muito obrigado".

Tharvo deu um sorriso discreto, somente com os lábios, se virou e, pegando a "estátua" de Inirion, partiu em direção à sua pequena nave, que, desacoplando, seguiu seu caminho rumo ao seu planeta de origem. 

Zarah sorriu e tomou o comando da nave, indo de volta à floresta . Ao chegar, deu a ordem:

- Tragam todos os aspeiros até aqui. É justo que todos conheçam a nave por dentro. E eu mesma faço questão de contar a eles tudo o que aconteceu. Também quero tranquilizá-los e garantir que Inirion nunca mais irá voltar.

Zarah pela primeira vez reúne todos os SUPRO em sua nave-mãe


E assim foi feito. Zeca e Ziro foram literalmente voando para a ASP e, atropelando as palavras, ainda afetados pelas fortes emoções das últimas horas, avisaram da convocação de Zarah para uma reunião imediata em sua nave. Incrédulos, lá foram os aspeiros, tentando controlar a curiosidade.

Ao chegarem ao local da nave, que já estava completamente invisível, eles foram teletransportados por Zarah para o seu interior.

Do alto apenas os pássaros viam, com espanto, um grupo de pessoas desaparecerem bem no meio da floresta.

FIM






Tem lixo que pode virar um luxo!

 

Mizuki, Silvestre, Celeste e Risonha jogam baralho na ASP

Tarde de domingo na ASP (sim, sábado, domingo, feriado e dia santo também tem plantão na Associação dos Super Protetores), Mizuki - a Maria Recicla-tudo, Silvestre Selvagem, Celeste Liberdade e Risonha dos Rios jogam baralho. Risonha, Celeste e Silvestre estavam em seu dia de plantão. Já Mizuki, que estava se sentindo entediada em sua casa naquela tarde, foi chamada para compor dupla com Silvestre. 

Já estavam na quinta rodada (que estava longe de ser a última) quando o telefone tocou. Silvestre foi atender e a pessoa do outro lado da linha, nervosa, falava sem parar.

- Por favor, minha senhora. Fale devagar e mais baixo, pra que eu possa entendê-la melhor!

E então ela contou que falava de uma cidade na divisa entre os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, e já não aguentava mais tanto lixo próximo à sua casa, que, além de ser invadida por um fedor insuportável, vivia sendo infestada por ratos, moscas e baratas. O local não era apropriado para ser usado como lixão, mas as pessoas, mesmo sem a autorização da prefeitura da cidade, continuavam jogando lixo ali. Perto do lixão improvisado e ilegal, havia um rio passando e dentro dele sempre acabava indo parar muito desse lixo descartado de maneira irresponsável, ainda mais que este era justamente o rio que abastecia a cidade, e muita gente costumava pescar em suas águas. Os moradores daquela rua já haviam reclamado, inclusive com as autoridades locais, mas de nada adiantou. O povo parava por alguns dias, mas logo depois voltava a jogar lixo de todo tipo no local: lixo orgânico, inorgânico, reciclável, não reciclável. Diante da falta de resolução do problema pelos "mandachuvas" locais, ela, em nome de todos os vizinhos, resolvera procurar os SUPRO na capital, para que eles, quem sabe, pudessem ajudar. 

Silvestre, após desligar o telefone, olhou imediatamente pra Mizuki:

- Ah, minha japonesa favorita, não foi por acaso que você veio pra ASP hoje. Você estava entediada, né? Pois acho que seu dia vai ser mais movimentado do que você imaginava.

E então ele contou todo o caso para os colegas ali presentes. Ao ouvir que tinha um rio sendo contaminado por todo tipo de lixo, Risonha se levantou da mesa e decretou:

- Estou com a Mizuki neste caso. Se tem rio no meio, a Risonha aqui não fica de fora de jeito nenhum!

- Isso mesmo, amiga - disse Mizuki - eu ia mesmo pedir a sua ajuda. Você cuida de limpar o rio e eu limpo o terreno! Mas isso não basta, porque senão, amanhã, já estão lá jogando lixo de novo! Vamos ter que ir além da limpeza!

E assim foi feito. Silvestre e "Céu" (Celeste) deram continuidade ao seu plantão na Associação e resolveram jogar mais um pouco de baralho, só os dois mesmo. 

Silvestre havia sido homenageado pela manhã com uma medalha, por ser um grande representante do povo indígena e honrar suas origens defendendo com tanta competência os animais silvestres e selvagens. Ele não queria ir, mas os seus amigos SUPRO o fizeram se enfiar em um terno e aceitar a homenagem mais do que merecida.

****************

O lixo acumulado em lugar impróprio estava contaminando o rio e as casas dos moradores


Sem poder contar com a ajuda de nenhum dos voadores - Celeste estava disponível, mas não podia deixar Silvestre sozinho no plantão - Mizuki e Risonha viajaram de carro, com esta última ao volante, em um carro alugado. 

Depois de mais de duas horas e meia de viagem, elas chegaram ao local. A moradora que havia ligado para a ASP esperava por elas. 

- É uma honra receber duas super heroínas protetoras dos animais e da natureza! Nem sei como agradecer a vocês. 

No mesmo instante a rua ficou cheia de pessoas, inclusive crianças eufóricas, pedindo autógrafos e selfies. As moças, atenciosas, não se recusaram. Mas estavam preocupadas em resolver a situação o mais rápido possível. 

Ao verem aquela montanha de lixo bem às margens do rio, já todo sujo e poluído, ficaram indignadas. 

Mizuki, no mesmo instante, se enfiou por lá  e, usando seus poderes, com uma velocidade que não deixa nada a desejar a "The Flash", começou a separar o lixo reciclável daquele que não poderia ser aproveitado. Vendo aquilo, os moradores adultos aplaudiram juntamente com as crianças, que gritavam: "É a Recicla-tudo, é a Recicla-tudo!".

Enquanto Mizuki/Maria fazia isso, a Risonha dos Rios, em seu uniforme de aspeira com capa e tudo, mergulhava no rio. 



Risonha dos Rios entra em ação, mergulhando no rio para fazer a limpeza necessária
 

E lá foi Risonha, nadando e com sua capa, que parecia se fundir com as águas do rio, arrastando todo o lixo ali jogado. Com seus poderes ela conseguia dissolver o lixo não reciclável que estava nas águas dos rios, e o restante levava para as margens, tomando as providências necessárias. 

A criançada aplaudia eufórica e acenava pra Risonha, que acenava de volta e soltava sua famosa risada de criança que, um dia, lhe rendera este apelido. 

Pras crianças, tudo é festa, mas o assunto era muito sério. Isso não podia continuar assim.

Depois que Mizuki separou todo o lixo descartável e Risonha uniu aos recicláveis selecionados por ela todos os recicláveis que havia tirado das águas, elas pediram a compreensão dos moradores porque precisavam decidir o que fazer. 

Os adultos se afastaram e as crianças se sentaram em silêncio para não perturbá-las. Uma solução eficiente e definitiva precisava ser encontrada. O lixo não aproveitável precisava ser incinerado (o que foi feito em seguida com a ajuda dos adultos), mas isso não bastava, pois a história voltaria a se repetir de novo, de novo e de novo se nenhuma providência mais severa não fosse tomada.

De repente Mizuki gritou:

- Tive uma ideia!

Todos se aproximaram dela e então ela disse que precisaria contar com a ajuda dos moradores para que seu plano pudesse dar certo. Todos concordaram, pois já não aguentavam mais conviver com aquela lixão indesejado.


****************

Havia ao lado daquele terreno baldio que as pessoas faziam de lixão, uma espécie de barracão, uma casa de madeira, que antigamente servira de casa para o vigia de uma antiga fábrica que havia sido demolida muitos anos atrás. Sabe-se lá porquê, a casinha continuava de pé. Então Mizuki propôs:

- Vamos cercar com tela este terreno, já que, aparentemente, não pertence a ninguém e a prefeitura não está dando a mínima pra ele. Nessa casa de madeira, depois de pintada e arrumada, vamos fazer um atelier onde as crianças aqui das redondezas aprenderão a fazer muitas coisas úteis com lixo reciclável, inclusive com garrafas pet. E então, poderemos fazer exposições e vender essa arte, arrecadando dinheiro para a Causa Animal e campanhas ecológicas. E antes de tudo, uma placa precisa ser colocada logo na entrada, com os dizeres: "PROIBIDO JOGAR LIXO NESTE LOCAL". O que acham da ideia?

Todos adoraram, principalmente as crianças, que ficaram empolgadíssimas em aprenderem a fazer artesanato com material reciclável. Mizuki prometeu ir àquela cidade de quinze em quinze dias para dar aulas para crianças e adultos que quisessem aprender esta arte. Se alguma autoridade resolvesse se meter, ela teria muito, mas muito a dizer!

E assim, com a ajuda de Risonha e de todos ali, Mizuki guardou o material reciclável na casa de madeira. Ele seria usado já na primeira aula, dali a quinze dias.

- Eu faço questão de vir e acompanhar essa primeira aula, e aprender também - disse Risonha com seu sorriso largo.

- Que ótimo! Assim você me ajuda a organizar a criançada nesse primeiro dia. Depois, vai ser tudo mais calmo, mais fácil.


Mizuki ensina as crianças moradoras da localidade próxima do ex-lixão a fazer arte com garrafas pet

De retorno ao Rio, as duas aspeiras contaram aos colegas sobre os acontecimentos e a ideia de Mizuki. Celeste e Silvestre adoraram e prometeram fazer uma visita ao que seria o novo atelier. Silvestre, como artesão, poderia dar a sua contribuição sempre que possível. Todos os SUPRO estariam presentes no dia da inauguração.

E assim foi feito. A cada quinzena, a "doce japonesa" lá estava para ensinar às pessoas, principalmente crianças, a reciclar o lixo transformando-o em algo útil e belo, afinal, como dizia ela "tem lixo que pode virar um lixo!". E pode mesmo! Basta ter vontade de fazer acontecer!


FIM