E chegou o Natal! Assim como a maioria das pessoas, os nossos super heróis aspeiros também estavam muito empolgados com a data, aliás como sempre estiveram. Este ano, porém, teria uma grande novidade: em vez de cada super protetor ir passar o Natal com sua família, a festa seria na ASP, pela primeira vez! E viriam familiares de todos eles!
Os preparativos iam de vento em popa. Cada qual ajudando como podia. Decoraram todo o local e montaram uma linda árvore de Natal, que, de fato, era um pinheirinho plantado em um grande vaso pela Rosa Jardineira, que também cuidava de perfumar o ar. Florisbela Mata Verde não permitiria que ninguém arrancasse uma árvore sequer apenas para servir de enfeite. Mas na verdade, ninguém ali tinha a menor intenção de fazer uma coisa dessas. O lema dos SUPRO sempre foi "Viva e deixe viver!"
Duas mesas muito compridas foram colocadas bem no meio da sala de reuniões da Associação. A ceia estava sendo preparada por Mizuki (Maria Recicla-tudo) e Zeca (Zeca Ar Puro). Acima de tudo, haveria muitas frutas, tanto natalinas como frutas tropicais da estação.
O clima estava alegre e festivo. Havia músicas natalinas tocando, muito conversa animada, risos, bom humor, brincadeiras sadias.
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Enquanto nossos heróis estavam envolvidos com os preparativos da festa, em uma nave camuflada atrás das grandes árvores na floresta, em um descampado, duas figuras etéreas conversavam. Uma delas era Zarah, a extra-terrestre que criou os SUPER PROTETORES DOS ANIMAIS e que cuidou de escolher a dedo cada um deles ao logo de duas décadas e meia!
O outro ser era uma figura masculina, com um ar muito sério. Seu nome: Tharvo.
- Não, Zarah. Não vou esperar nem um minuto a mais. Você já teve 25 dos anos terrestres para realizar sua tarefa.
- Mas, Tharvo, eu a realizei. E temos tido bons resultados. Estamos progredindo. Todos os humanos que eu recrutei têm feito um trabalho admirável!
- Sim, eu reconheço isso. O problema não são eles, são os outros.
- Mas eles estão melhorando. Cada vez é maior o número de terráqueos que se conscientizam e fazem a sua parte para ajudar os animais e a natureza.
- Esse progresso está lento demais! Estamos desperdiçando nossas energias e nosso tempo com este planeta. É melhor deixá-los por conta própria.
- Então falo com eles amanhã. Hoje não. É uma data importante para eles, o Natal. Você escolheu um péssimo momento para me dar essa ordem, Tharvo!
- Ora, ora. Você quer que eu adapte as minhas decisões ao calendário de festinhas dos terráqueos? Era só o que me faltava, Zarah.
- Você é extremamente bondoso, mas igualmente teimoso e intransigente! Eu vou obedecer, mas não sem antes tentar com todas as minhas forças e argumentos te convencer a esperar pelo menos até amanhã! Eles estão felizes! Vão receber suas famílias pela primeira vez na ASP para celebrar o Natal. E então eu apareço e digo: "Acabou tudo, é o fim dos Super Protetores. Eu tive uma ordem do meu superior para retirar todos os poderes e objetos de poder que lhes dei e assim encerramos por aqui". Não vê que não posso fazer isso, Tharvo?
- Pode e vai fazer, porque eu estou mandando.
Dizendo isso, Tharvo se retirou para sua câmara particular dentro da nave, deixando Zarah arrasada.
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Enquanto isso, no polo norte, Papai Noel lia uma cartinha muito interessante. Ela dizia:
Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2023
"QUERIDO PAPAI NOEL
Eu sou o Claudinho, tenho 10 anos e
nem sei se o senhor existe. Mas não custa tentar, né?
Eu sou muito pobre, mas eu
e minha família ganhamos cesta básica todo mês.
Minha mãe lava roupa pra fora e meu pai está doente,
de cama, e não pode trabalhar mais. Eu tenho dois
cachorrinhos e uma gata. Eles são o Lulu, o Pretinho e
a Dorinha. Meus pais não estão mais conseguindo comprar
ração pra eles e não sobra comidinha porque eu tenho sete irmãos
e agora o vovô e a vovó vieram morar com a gente. Não vem ração
na cesta básica e isso é errado porque os animais de estimação
fazem parte da família e também precisam comer!
Minha mãe falou que se eu não arranjar uma pessoa pra ficar
com o Lulu, o Pretinho e a Dorinha, ela vai soltar
eles na rua, num lugar bem longe pra eles não
voltarem mais. Eu estou muito triste, Papai Noel,
porque eu sei que eles vão sentir só coisa ruim: fome, sede,
medo, tristeza e saudade de mim. Eles vão achar
que eu não gosto mais deles. Eles vão ficar sofrendo na rua.
Então, Papai Noel,
o meu pedido este ano não é pra mim, é pra
eles. O senhor também gosta dos animais,
não gosta? Então eu peço que o senhor me leve
aos SUPER PROTETORES DOS ANIMAIS.
Eu ouço falar deles, mas não sei onde eles
moram. Eu não tenho o telefone do lugar onde
eles ficam, nem sei se eles têm whatsapp.
Eu quero pedir ajuda a eles
pra conseguir ficar com os meus amiguinhos.
Me ajuda, Papai Noel, por favor. Eu não
quero que meus cachorrinhos e minha gatinha
sejam abandonados. Muito obrigado, Papai Noel.
Assinado: Claudinho."
- Um pedido diferente e muito especial - disse o Papai Noel coçando sua barba branca. Em seguida ele chamou seu duende-ajudante e pediu que ele guardasse aquela cartinha em uma certa gaveta, dizendo-lhe:
- Vamos cuidar disso com muito carinho!
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Na ASP, por volta das 20 horas, os convidados para a festa começaram a chegar. Vindos de Goiás, chegaram os pais e a irmã de Joãozinho (João do Bom Chicote). Depois, vinda do Ceará, a mãe de Rosa, de 70 anos e tão alegre e jovial quanto a filha. A família de Pet chegou cerca de meia hora depois, vinda de Juiz de Fora, num carro dirigido por sua irmã mais nova (vieram os pais e as duas irmãs, sendo que uma delas trouxe seu filho de sete anos). Logo depois começou a chegar um atrás do outro, e muitas das famílias chegaram ao mesmo tempo: do Rio Grande do Sul, a mãe e os avós maternos de Celeste (Celeste Liberdade); de Valença, o pai e o irmão "quase gêmeo" de Lab (Roberto Lab Legal - seu irmão era apenas onze meses mais velho que ele); do Mato Grosso, os pais de Silvestre (Silvestre Selvagem); do Rio de Janeiro mesmo, a mãe de Marine (Marine Água Azul); da Bahia, o pai de Zeca; de São Paulo, os pais e o irmão adotivos de Mizuki; do Paraná, a mãe e a única irmã de Larissa (Florisbela Mata Verde); do Amazonas, os pais e o irmão de Risonha (Risonha dos Rios); e de Santos, a família circense de Ziro em peso (seus pais, dois irmãos, um tio viúvo, uma tia com o marido, três primos e o avô paterno de 93 anos).
Todos estavam na maior das confraternizações. Dançando, se abraçando, rindo, brincando. Foi feito o amigo-oculto e a troca de presentes foi realizada. Sentaram-se à mesa para a ceia quando faltavam uns vinte minutos para a meia-noite a fim de brindar o momento especial já "no lugar certo", como dissera a mãe de Rosa.
Mal começaram a comer, ouviram sininhos e um "ho, ho, ho". Pensaram logo que fosse algum parente que resolvera de última hora aparecer para a festa vestido de Papai Noel. Mas que nada! Ao olharem para a porta de entrada, que estava apenas encostada, se depararam com um velhinho de barbas brancas muito reais com um duende ao lado e um menino de seus 10 anos, meio tímido, mas de olhos espertos e bem curiosos. Quando ele bateu os olhos nos seus heróis, começou a chorar de emoção. Todos os 12 SUPROS se levantaram da mesa ainda muito surpresos e vieram saudar o Papai Noel e abraçar o menino, dando-lhes boas vindas.
"Então Papai Noel existe?", perguntavam-se uns aos outros ainda incrédulos. E então, o velho Noel falou:
- Boa noite a todos. Desculpem eu ter chegado assim, sem avisar. Mas este garotinho não podia esperar. Ele tem um pedido muito especial a fazer a vocês. Eles os admira muito e em sua cartinha me pediu que o trouxesse até vocês para que pudessem ajudar seus amiguinhos peludos: dois cãezinhos e uma gatinha que estão ameaçados de irem para a rua.
Todos os nossos super heróis concordaram imediatamente em ajudar Claudinho, que emocionado e com o olhar cheio de admiração, contou, resumidamente a sua história. Convidado a cear com seus ídolos e suas famílias, ele foi conduzido à mesa após se despedir, com muitos agradecimentos, de Papai Noel, que realizara seu sonho. O bom velhinho não poderia aceitar o convite para comer com eles. Muitas crianças esperavam sua visita com seus presentes. E assim, ele, seguido do duende-ajudante, entrou em seu trenó e partiu ao som de sininhos. Pela janela, os aspeiros e seus convivas viram o espetáculo das renas "voando" pelo céu enquanto o Papai Noel acenava para eles alegremente.
Após a ceia, os doze heróis pediram licença às suas famílias para que pudessem fazer uma reunião rápida a fim de decidir a melhor forma de ajudar Claudinho, que ficou aos cuidados dos parentes dos SUPRO.
Sem que ninguém se desse conta, do lado de fora, dois seres observavam os acontecimentos. Zarah e Tharvo estavam ali. Zarah chegara primeiro. Achando que ela estava demorando demais a voltar, Tharvo a seguira uma hora depois e naquele momento, dera-se o seguinte diálogo:
- Por que ainda não falou com eles, Zarah?
- Porque quando cheguei, quase todos os convidados já haviam chegado e outros estavam chegando. Você não queria que eu aparecesse diante de todos eles, queria?
Como Tharvo presava muito a discrição em relação à sua presença em nosso mundo, ele teve que assentir. Mas optou por ficar ali, junto com Zarah, esperando até que o último convidado se retirasse, para garantir que sua subordinada cumprisse à risca a triste ordem que lhe fora dada por ele.
Ao vê-los saindo da ASP com o garotinho que fora trazido pelo Papai Noel, o Missionário Espacial ficou sem saber o que fazer.
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Ziro voou pelos ares carregando o garotinho, que em seguida passou para os braços do também voador Zeca, depois para as asas da jovem Celeste, e por fim, foi colocado no tapete voador de Pet Carinho, que desceu com ele, em sua casa, para ter uma séria conversa com seus pais.
Mas todos estavam ali, do lado de fora da pequena casa onde aquela família simples vivia. Pet entregou a eles sobras da ceia para toda a família, incluindo, é claro, os animais. Ela também lhes deu ração suficiente para o mês inteiro, se comprometendo a retornar todos os meses até que a família tivesse condições de sustentar seus animais de estimação (ou seja, seus pets). Levados até lá fora, toda a família de Claudinho, até mesmo o pai, que fora levado numa cadeira de rodas improvisada, ficaram emocionados ao ver que todos aqueles heróis eram reais e estavam ali para ajudar.
Foi dada uma pequena palestra sobre a questão do abandono de animais e sobre um outro crime muito grave e ainda bastante frequente, infelizmente: o de maus tratos.
Donos de várias casas de ração foram contatados pelos SUPRO e se comprometeram a se revezarem nas doações para que não faltasse alimento para Lulu, Pretinho e Dorinha.
As crianças da família ganharam brinquedos artesanais feitos por Silvestre e os pais de Claudinho receberam uma boa quantia doada pelos pais de Joãozinho.
E então vieram os abraços emocionados, os agradecimentos sinceros e as despedidas afetuosas, porque os nossos heróis teriam outras despedidas pela frente naquele 25 de dezembro: logo, logo estariam abraçando seus familiares, que, voltariam para suas casas ou para o hotel de manhã bem cedinho. Eles seguiram o caminho rumo à ASP já planejando o próximo Natal, que seria novamente na Associação, já que a ideia dera super certo!
Quando os aspeiros já iam longe, duas figuras etéreas, que os haviam seguido, ficaram paradas do lado de fora da casa de Claudinho ouvido a conversa daquela família em meio aos carinhos feitos em seus animaizinhos de estimação, que por sua vez, retribuíam alegremente, latindo e miando, os afagos e a deliciosa refeição.
E então, Tharvo, em silêncio, com o semblante grave como sempre, saiu flutuando. Zarah o seguiu, de coração partido, sabendo que dali a poucas horas teria que dar a triste notícia aos heróis. Mas então, ela se surpreendeu ao ver que Tharvo não tomara a direção da ASP e sim da sua nave, na floresta.
Chegando lá, Zarah prestou atenção no rosto de seu superior e notou algo diferente na expressão sempre séria. Havia lá uma certa suavidade, uma esperança que não havia antes. Ela teve receio de interromper suas reflexões, mas então ele falou:
- Foi muito bom ter visto seus heróis voando, usando seus super poderes. Mas eu hoje vi mais do que isso: eu os vi usar um poder que todos os seres possuem, embora muitos ainda não o tenham aprendido a utilizar devidamente, e que é o maior de todos. Eu vi esse poder transitar entre as pessoas de uns para os outros, indo e vindo e incluindo os animais.
- A que poder você se refere, Tharvo? - disse Zarah, que no fundo já adivinhava a resposta.
- Um poder que age de coração para coração. O poder do AMOR. Esse poder me deu esperança de dias melhores para o belo Planeta Terra. Eu vou me retirar para o nosso planeta. Continue cumprindo aqui a sua missão, Zarah. Você está no caminho certo e vem se saindo infinitamente melhor do que eu imaginava. Mas minha surpresa maior foram os humanos. Muitos deles são melhores do que eu acreditava. E mesmo que muitos desta geração atual possam estar perdidos, há muita esperança para a nova geração.
- As crianças? - perguntou Zarah entendendo o que seu Mestre estava falando.
- Sim - respondeu Tharvo lembrando do sorriso agradecido de Claudinho com seu amor imenso pelos animais, que o fizera deixar de lado os pedidos por brinquedos e outros presentes para si mesmo, e dar prioridade às vidas e ao bem estar de seus amiguinhos de quatro patas.
Com um toque de mãos, os dois seres se despediram. Zarah desceu da nave e em seguida ficou olhando para o céu, vendo-a se distanciar e se transformar em um pontinho, que os humanos, certamente, julgariam ser uma estrela ou a luz de algum avião.
Ela juntou as mãos em gratidão e se deixou envolver pela magia do Natal dos humanos.
FIM
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