Denúncia: cães e gatos abandonados em uma casa velha
Pet Carinho estava de plantão na ASP naquela manhã de quarta-feira juntamente com Maria Recicla-tudo e Zeca Ar Puro, quando o telefone tocou.
Foi Zeca quem atendeu, mas o caso era para Pet: uma denúncia anônima, de uma pessoa que, certamente, procurava disfarçar a voz, relatou um sério caso de cerca de dez cães e oito gatos abandonados em uma casa velha, caindo os pedaços. De acordo com o autor da denúncia, um senhor de idade bastante avançada morava no local, mas já havia vários dias que ele não estava por ali e os cachorros e gatos estavam passando fome e sede, pois não havia ninguém que pudesse cuidar deles e os vizinhos não tinham fácil acesso devido ao muro alto e ao medo de serem atacados pelos animais.
Um detalhe interessante é que o telefonema vinha de Juiz de Fora, cidade natal de Pet carinho, a professora Luiza Lima. Pet desconfiou que poderia ser algum conhecido que estava ligando para fazer a denúncia, mas sem querer ser reconhecido(a) por ela, e por isso disfarçou a voz, pro caso de ser atendido por Pet. Mas por outro lado ela também teve um pouco de medo de ser algum trote ou algum tipo de armadilha para se vingar dos SUPRO.
- Se você quiser, vou com você - sugeriu Zeca.
- Não, não tem necessidade - argumentou Pet - eu enfrento essa, seja lá o que for. Não podemos deixar a Mizuki sozinha na ASP por muito tempo, e talvez essa missão demore.
- Por mim não tem problema - disse Mizuki, a Recicla-tudo.
- Não precisa mesmo. Ainda mais que eu estou com uma intuição de que a denúncia é verdadeira. Não quero mais perder tempo. Tem pets precisando de mim. Vou já pegar o meu tapete voador e seguir para a minha Juiz de Fora!
Os dois colegas aspeiros não tiveram outro jeito, senão concordar, diante da determinação da protetora dos animais familiares.
E assim, ela fez. E lá do alto, de seu tapete, Pet ainda acenou para Zeca e Mizuki.
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Pet Carinho voa para Juiz de Fora para resolver o caso dos pets abandonados
Ao se aproximar do local indicado, Pet foi baixando aos poucos o seu tapete, e isso acabou chamando atenção das crianças que brincavam de skate e de bola naquela rua. Assim que a Super Protetora desceu, elas vieram pedir autógrafos e selfies.Sempre atenciosa, Pet não negou nenhum pedido, mas não poderia ficar conversando muito pois havia uma questão urgente a ser resolvida. Cachorros e gatos inocentes estavam passando fome e ela não poderia deixar que essa triste situação se estendesse por mais tempo.
-Vocês sabem onde fica, nessa mesma rua, um casarão velho abandonado, com um monte de cachorros e gatos?
- Eu sei, eu sei!
-Nós vamos te levar lá, Pet!
Aquelas crianças todas conheciam a Pet Carinho, a mais famosa das aspeiras, porque era quem cuidava dos animais mais populares e sobre os quais, infelizmente, as denúncias de maus tratos e abandono eram muito frequentes.
E assim, eles a levaram lá. Disseram que também estavam preocupados com os animaizinhos, mas que não sabiam como ajudar, pois o muro era muito alto e eles não tinham como subir, além de terem sido proibidos por seus pais de tentarem entrar na casa.
- Pois bem, não há muros altos para a Pet Carinho aqui - disse Pet fazendo pose para as crianças, que a aplaudiram aos pulos e gritos.
Tamanho estardalhaço fez os adultos saírem de dentro de suas casas para ver o que estava acontecendo. Alguns deles conheciam Pet dos jornais e da TV e sabiam dos SUPRO. Outros não... E esses ficaram bem curiosos perguntando aos outros de que se tratava. Uma das pessoas ao dar de cara com Pet, entrou correndo novamente em sua casa. Pet percebeu e achou que aquele rosto não era estranho. Mas não tinha tempo a perder. Subindo novamente em seu tapete que estava carregado com comedouros e um saco de ração canina e outra de ração felina, ela foi rapidamente para o alto e em seguida, para baixo, do outro lado do muro.
Os cachorros latiam e os gatos miavam sem parar com a chegada da moça. Eles estavam felizes. Os curiosos, lá na rua, não tinham como ver o que acontecia, mas podiam ouvir.
Pet conversava com cada animal, os acariciando e acalmando. Em seguida, espalhou vasilhas grandes pelo quintal e com um mangueira d'água encontrada naquele quintal abandonado, encheu cada uma delas. Os animais correram para beber água. Estavam todos com muita sede!
Depois, nos comedouros, ela espalhou a ração que havia levado, para cães e gatos. Todos comeram com muita vontade. Pet esperou pacientemente que eles se alimentassem e então começou a examinar um a um. Alguns tinham pulgas, outras estavam com pequenas feridas, que ela, com seu poder de cura, conseguiu aliviar bastante. Mas todos estavam magros e pareciam desnutridos. Poderiam estar com anemia. Preocupada, Pet pegou seu celular e entrou em contato com duas ONGs da cidade, presididas por velhas conhecidas suas. Ambas se prontificaram a ajudar, recolhendo os animais e levando-os ao veterinário.
Pet já ia subir novamente em seu tapete quando ouviu um "Ahhhh" vindo da rua seguido de um barulho no velho portão da casa. Um senhor de muita idade entrou com cara de poucos amigos.
- Quem é você e o que faz aqui na minha casa?
Pet se assustou.
- Sua casa? Mas me disseram que estava abandonada.
- Não está abandonada. Minha casa é velha mesmo e é tombada, então não posso mexer nela e nem tenho dinheiro pra isso agora. Meu dinheiro é pra cuidar e alimentar meus amados filhinhos de quatro patos, meus cachorros e gatos, que recolhi nas ruas! Sempre tratei todos eles com muito amor.
- Me desculpe, meu senhor, mas estão todos magros e desnutridos. E o senhor não estava em casa já há vários dias, então me chamaram...
- Eu fui hospitalizado, estava com pneumonia. Eu não tenho filhos, então liguei pro meu sobrinho que mora no centro da cidade e pedi que viesse cuidar dos meus queridos.
- Mas pelo visto ele não veio! - argumentou Pet apontando para os animais para que o ancião pudesse observar as péssimas condições em que eles se encontravam.
O velhinho então foi se aproximando deles, que vieram recebê-lo com o rabo abanando e fazendo festa. Era visível o amor daquele senhor por seus animais. Ele começou a chorar abraçado a eles.
- Meus queridos, como isso foi acontecer com vocês? Mas o Dudú me paga! Eu vou ter uma conversa séria com ele!
Também emocionada com a cena que presenciava, Pet disse que ao senhor, que se chamava Cristóvão, para deixar para resolver seus problemas com o sobrinho depois. Naquele momento era preciso resolver a situação dos animais. Ela contou que duas ONGs estavam vindo para pegá-los.
E foi aí que seu Cristóvão ficou furioso!
Seu Cristóvão tenta impedir que seus pets sejam levados
- Meus filhos não saem daqui de jeito nenhum, ouviu? Eu não vou permitir! Eu mesmo vou cuidar deles com todo amor como sempre cuidei!
- Entendo, seu Cristóvão. Mas nesse momento eles precisam ir ao veterinário. A maioria com certeza está doente e precisa de tratamento intensivo. Isso não vai custar nada ao senhor.
- Nunca reclamei disso! Sempre que precisam eu os levo ao veterinário!
- Como o senhor estava internado, não tinha como cuidar deles e pelo visto seu sobrinho não veio nem um dia! Façamos o seguinte: as ONGs vêm, levam os animais, eles se tratam e, assim que estiveram bons, retornam à sua casa e ficam sob a proteção das ONGs, para o caso de qualquer eventualidade...
Seu Cristóvão foi se acalmando, mas ainda não havia se convencido completamente:
- Quem me garante que vocês vão me devolver minhas crianças?
- Eu garanto. Como Super Protetora dos Animais tenho um nome a zelar e minha palavra é uma só! E tenho certeza que as ONGs também garantirão.
Nesse momento, a caminhonete de umas ONGs chegou. Pet e seu Cristóvão foram lá fora ver. A multidão aumentara! Pedindo às pessoas que se afastassem, a presidente da ONG, conhecida de Pet, entrou. O portão foi novamente fechado.
Depois de muita conversa, seu Cristóvão liberou os animais, não sem antes abraçar e beijar cada um deles. Metade deles foi colocada nas caixas de transporte, e enquanto isso, a Fiorino da segunda ONG estacionava em frente ao casarão.
Feitas as apresentações e dadas as devidas explicações, a outra metade dos animais foi colocada nesse veículo, também em caixas de transporte, em meio aos carinhos de seu tutor.
Ambas as presidentes das ONGs garantiram que devolveriam os animais com saúde e que ficariam os monitorando e colaborando com os cuidados para com eles, já que seu Cristóvão era muito idoso e não tinha ninguém que pudesse ficar com os animais em um momento de necessidade.
Feitas as despedidas, Pet saiu com seu tapete nas mãos e seu Cristóvão entrou depois de acenar, entre lágrimas, para os dois veículos, que se afastavam levando seus amados filhos peludos.
Tudo foi se acalmando, as crianças foram entrando para suas casas sob ordens dos pais e Pet se preparava para levantar voo em seu tapete quando sentiu um tapinha em seu ombro. Ela se virou e teve uma grande surpresa.
- Oi Luiza, se lembra de mim?
Ajeitando os óculos, Pet olhou bem nos olhos da moça que estava à sua frente. Tinha a mesma idade que ela, era um pouco mais baixa e mais rechonchuda.
- Míriam! É você mesmo?
- Sou eu sim!
E então as duas se abraçaram e trocaram palavras de afeto.
Míriam havia estudado com Pet, ou melhor, Luiza, da terceira à oitava série. Elas eram amigas inseparáveis. Depois elas foram para escolas diferentes e só se viram mais duas vezes: em uma reunião de ex alunos e num evento beneficente em prol dos animais.
Durante todos esses anos, Miriam acompanhou as notícias sobre sua amiga como Super Protetora. Mas ela não tinha coragem de se aproximar. Fora ela a autora da denúncia anônima. Como a maioria das pessoas daquela rua e de grande parte do bairro, ela ficara muito preocupada com aqueles animais e não sabia o que havia acontecido ao tutor deles. Por isso, lembrando-se de sua amiga de infância e adolescência, que agora era uma famosa super-heroína que defendia justamente os animais de estimação, ela resolveu ligar para a ASP após encontrar o número do telefone em uma página de um jornal carioca.
- Eu fiquei sem graça, afinal, não nos vemos há tanto tempo e você agora é famosa...
- Ora, que bobagem. Sou a mesma! E agora, sabendo que você é vizinha do seu Cristóvão, queria te pedir para dar uma força com os pets dele quando eles voltarem pra casa, pode ser?
- Claro, pode contar comigo! Mas esse sobrinho dele...
- Isso me preocupa. Precisamos falar com os políticos daqui de Juiz de Fora, do Rio e de todo o Brasil para fazerem leis que garantam a tutela, proteção e cuidados com os animais em caso de falecimentos de seus pais e mães humanos.
- Isso mesmo, Lú. Mas isso deveria ser uma lei mundial!
- Concordo plenamente, Mira! Precisamos fazer algo em relação a isso, e com urgência!
E as duas retomaram a velha amizade como se nunca tivessem se separado, inclusive se chamando pelos antigos apelidos! Pet aceitou fazer um lanche na casa de Míriam e elas puseram a conversa em dia, contando as novidades de suas vidas. Trocaram números de celular e whatsapp para poderem manter o contato e prometeram se visitar. Pet gostaria de poder aproveitar para visitar seus parentes, mas não daria tempo. Isso poderia ficar para outra hora, já que haviam se encontrado recentemente.
E assim, as duas amigas se despediram calorosamente após combinarem uma ação junto aos políticos para garantirem o futuro dos animais órfãos de pais humanos.
Pet retorna para casa feliz pela missão cumprida e pela grande surpresa do dia
Já anoitecia quando Pet Carinho retornava ao Rio de Janeiro em seu tapete voador. Subindo cada vez mais alto ela contemplava as estrelas, feliz e sorridente. Sabia que poderia contar com sua amiga, que agora também seria uma parceira de causa!
Quem faz o bem sempre recebe o bem. É assim que funciona a Lei da Vida! Sentindo o coração leve, Pet começou a cantarolar: "Viver, e não ter a vergonha de ser feliz..."
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Nas duas ONGs, os pets recebem todos os cuidados necessários
Enquanto isso, nas duas ONGs, os pets eram examinados por veterinários e cuidadores, e recebiam todos os cuidados de que precisavam. Eles ainda passariam um tempo nos abrigos das ONGs e os mais doentinhos ficariam em clínicas até se recuperarem. Mas todos estavam fora de perigo e logo, logo estariam novamente com seu amoroso tutor, seu Cristóvão, que contaria com a ajuda das duas ONGs e agora também da vizinha e amiga Míriam.
FIM
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